sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

(obg dnd)

Ao mesmo tempo a coisa mais altruísta e a mais egoísta que alguém pode fazer, cuidar de si mesma por outra pessoa já começa errado porque você deveria se importar consigo mesma por um monte de outros motivos - um senso nato de auto-preservação, uma autoestima adequada ou porque é você, e se você não se ama quem vai te amar e todo aquele blablablá. Mas nem sempre é assim, e acredito que qualquer coisa que pare/alivie ciclos de autodestruição vêm para o bem. Ter alguém com quem você se importa sempre tão perto te dá perspectiva na forma como você cuida de si mesma porque você sabe como você se sentiria ao ver a pessoa mal e não quer que ela se sinta assim.

O ponto é que, não importa o motivo, quando você faz algo por tempo suficiente você descobre que sabe fazer. Em determinado momento você apenas se dá conta que as coisas estão diferentes, mas você não sabe dizer exatamente o quê. Porque se tornou natural e você não precisa mais fazer tanto esforço consciente para se manter na linha, porque "a coisa certa" virou apenas aquilo que você está acostumada a fazer. E é mais fácil do que você imaginava e a única coisa que você tem certeza é de que vale a pena.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

live through this, and you won't look back

SOL NA CASA 1, LUA NA CASA 7
DE: 15/11 (Hoje) , 1h03
ATÉ: 16/11 (Amanhã) , 7h54
Ocorrido anteriormente em: novembro/2012

gata maldita mordeu meu nariz
eu tava tentando escrever no blog
mas prefiro escrever aqui
novembro é um mês que sinestesicamente eu chamaria de areia movediça
com um monte de vento
ano passado eu deixei o vento me levar junto com a areia e, como acontece, caí na areia fofa que ficou lamacenta depois que choveu
a gente nunca acha que vai chover
dessa vez você segurou minha mão e eu quis ficar firme
mesmo com os pés afundando na areia
e o vento passou e eu ainda tô aqui
e pode até chover, mas eu tô em pé dessa vez
e eu não tenho guarda-chuva mas a gente pode se beijar na chuva
como eu nunca fiz
Chat conversation end
Seen 16:44

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

diário nº01

you make me wanna crawl into your world, into your skin. you actually frighten me a bit. the way you hide and still I know your bad acting and the truths you tell by accident. I know they’re not by accident. hell is lonely as hell, you need someone to at least sneak a peek, a guest to the peephole. I don’t judge you for calling for attention because I know how it feels when it seems that no one is really looking at you. the difference, I guess, is that no one looks at you directly, because we think you don’t want to be seen. still, the corners of our eyes are all yours. and no one sees me because I’m always hiding or laughing so hard that people can’t see it over the sound of my laughing. we can be hidden together now.

so, I know. and I know that you know that I know but I don’t think you quite understand that I understand as well.

the thing is you make me doubt myself.

5/5/13

terça-feira, 15 de outubro de 2013

carta de amor aberta

Vai ter dias em que eu vou te odiar, meu amor. Que as coisas que você fala dormindo vão me irritar, que eu não vou achar bonitinho um “Brenda” brava de verdade... Também vai ter dias em que você vai querer que eu, pelo amor de deus, cale a boca, ou que eu vou quebrar alguma coisa importante e você vai querer me matar.

Será nos dias seguintes a esses em que eu vou te amar mais. Que você vai querer fazer mais carinho nas minhas costas. Que eu vou reparar, pela quadragésima vez, como teus olhos sorriem quando você sorri – e te falar isso. Você já deve estar cansada agora, apenas imagino como será até lá. O que eu nunca falo, mas sempre penso, porém, é em como já ouvi essa comparação tantas vezes, mas até hoje só os seus olhos me chamaram a atenção por sorrir. Deve ser dessas coisas bobas de gente apaixonada, o secret smile da música do Semisonic. E acabo de lembrar que a gente fez essa mesma piada um dia desses...

Eu fico tentando me lembrar se já tinha o costume de andar olhando para o alto, vendo o topo dos prédios do centro – e de qualquer lugar, agora – antes de te conhecer. Minha memória é horrível, mas provavelmente não. A segurança de você segurando a minha mão me liberta para a vontade de deixar a cabeça ir às nuvens, eu acho. E é engraçada essa minha associação de pessoas a lugares, porque você seria São Paulo: onde nasci e fui criada, mas que costumava dizer que detestava até pouco tempo atrás. Isso estava passando exatamente quando a gente se conheceu e eu desisti de fugir daqui. E só por sua causa aprendi minimamente a andar no centro e descobri que, por mais cafona que soe, nas devidas circunstâncias alguma coisa de fato pode acontecer no seu coração naquele famoso cruzamento da Ipiranga.

Enfim. Hoje achei nesse caderno aquele desenho que você fez de mim e que durante o processo eu achei que fosse um cangaceiro. Eu achei isso mesmo, mas também notei que talvez aquele cangaceiro parecesse um pouco comigo, só que não queria soar pretensiosa achando que você me desenharia tão cedo. Eu não lembrava desse desenho e agora quero muitas outras coisinhas assim, que você esquece por um tempo e quando se lembra te deixam desproporcionalmente feliz.

Também quero uma mesinha de centro feita de lego.

You make me believe


PS: sim, eu escrevi ouvindo a música. umas oito vezes, eu acho. 

terça-feira, 8 de outubro de 2013

I can't find the words to make it sound unique but

Eu acredito em algumas coisas. Eu tinha uma passagem só de ida - mas com vagos planos de volta - para Salvador, para o dia 27 de julho. O dia seguinte era meu aniversário, e eu estava tão animada para ir quanto geralmente fico para os meus aniversários - e isso não é uma forma de dizer que não estava nada animada, eu sou dessas pessoas que continuam gostando de aniversário mesmo depois da puberdade. Eu também estava com medo; aquele medinho típico de aniversários, "que pessoa eu vou ser com 20 anos?", ainda que você saiba que não vai mudar nada (às vezes muda). Aquela viagem, ao contrário das outras que fiz, não era uma fuga: a passagem estava comprada há dois meses, as coisas estavam tão planejadas quanto minha desorganização patológica permitia, parecia que dessa vez as coisas ficariam bem, os unfinished business deixariam de ser fantasmas e eu poderia deixar de usar essa analogia clichê... seria bom.

Não fui. Eu duvido de muitas coisas, mas definitivamente acredito que não foi coincidência que o dia em que tomei a decisão que, só agora vejo, foi uma das melhores da minha vida (apesar de ter machucado algumas pessoas no caminho), foi o dia em que a conheci.

Imaginar os "e se" da vida é sempre desesperador. Quando se está numa situação horrível, você imagina como tudo poderia ser melhor e se frustra porque essa não é a realidade. Quando se está feliz, você lembra que por um acaso do destino, um acontecimentozinho para o qual você não deu importância na hora, e puf, nada disso poderia estar acontecendo. Essa é a relação que algumas pessoas têm com sonhos, também. Seja sonho bom ou pesadelo, não tem como ganhar. Você sempre acorda decepcionado ou assustado.

Salvador começou como um sonho bom e, como um, acabou abruptamente. As últimas semanas têm sido como uma realidade que só me faz agradecer às coincidências que as coisas tenham tomado esse rumo. Como uma vontade de abraçar o universo e dizer "obrigada, agora a gente se encarrega".

Eu só quero continuar cantando pra você antes de dormir.


You'll be given love 
You'll be taken care of 
You'll be given love 
You have to trust it



domingo, 1 de setembro de 2013

sábado

Uma vez eu escrevi sobre como toda vez que ouvia ou via um avião, tinha vontade de estar nele. Era um texto sobre uma garota que não era eu mas que poderia ser, na mesma época em que conheci e me viciei na música Angie. Ainda é assim. Eu amo o caminho, e o trajeto da viagem me é tão importante quanto a chegada. Quando se está num ônibus ou num avião, cruzando cidades e estados, não se está em lugar nenhum e em todo lugar ao mesmo tempo. Você não existe pra ninguém, não pode estar em nenhum outro lugar, você está apenas no caminho. Mesmo nas viagens mais longas tento evitar dormir. O tempo que obriga a pensar na vida, ler ou escrever é irresistível.

Dias felizes são aqueles em que eu ouço um avião e não apenas não desejo estar nele como agradeço por não estar. Pra alguém tão apaixonada pelo caminho, ficar parado e em paz é um sossego de manhã de sábado que finalmente chega, depois da última (única?) sexta-feira feliz de um longo agosto.

(you can't survive on ice-cream
you got the same needs as a dog)

quinta-feira, 25 de julho de 2013

"you are the queen of runaround"

[24.07]

É até irônico ter acontecido no dia em que eu, depois de oito meses, fui fazer minha carteira de identidade.

Descobrir um tipo de liberdade que você nunca quis ter pois nunca achou necessária ou possível. E estava tudo bem, não digo que melhorou, é apenas diferente. Viajar com bagagem ainda é viajar, mas é melhor ainda quando você pode guardar as malas e andar sem o peso.

Não foi como você pensa que foi. É só que esse momento ia chegar uma hora. A hora em que eu apenas pararia e pensaria "eu não sou mais essa pessoa". Eu não choraria mais ouvindo Closing Time. E eu não podia deixar aquela pessoa escolher por mim. Não fazia sentido.

Escolho eu, então.

you shed not a single tear for the things that you didn't need

sexta-feira, 12 de abril de 2013

heart on the right side (or braille)


I didn't have the chance to hear it
or feel it
but I can imagine her laying on his side
her left hand looking for knots in his long hair
her ear near his chest
and she would think
"I'm so glad you're like this"
she's left-handed and his heart is on the right side
and she would say
"I'm so glad you're like this"
but she won't say why because she means it in so many ways
she's glad his hands can walk freely and shameless
through her belly
and she's glad that the other day he counted her stretch marks
and kissed her as many times as they were
they were nine
but he kissed her ten
"one for the baby"
and she's glad he's like this
counting her stretch marks
and loving the baby he could never have
yet he does
"it doesn't matter, I love you", he says
and she would disagree
cause there were times when she would doubt anything
and think it does
and they would argue
but still her left ear is on his chest
and his heart is on the right side
so maybe it really doesn't matter
and she's so glad for this

domingo, 30 de dezembro de 2012

we're only several miles from the sun


Seria estranho se o meu último post do ano, aquele clássico da retrospectiva, não fosse sobre você. Porque por mais que esse tenha sido o ano mais cheio de coisas que já vivi, sempre que as conversas de fim de ano se voltarem pras lembranças dos anos passados, 2012 se resumirá a você. Minha memória é muito ruim, você sabe, então lembrar de uma única coisa é o máximo que posso exigir dela, mas também não gostaria que fosse diferente.

Eu só vou torcer pra ficar tudo bem.

sábado, 29 de dezembro de 2012

chelsea hotel (no. 2?)


And there's this guy I've known for a while, the one with the old eyes and unquiet hands; who seems to be always in need of something among his fingers, be it a pen or a cigarette. It's both a curse and a bless to be able to recognize them: in a crowd, even if I had never talked to him, I would know he's a writer. There's something in their eyes - but isn't there something in everybody's eyes? - that tell me they put their hearts into a piece of paper, and something as fragile as paper isn't a good place to put your heart into. "It's still better than giving it to another person", he would say. And I guess I'd agree with him.

If you ask me, I'd say he's one of a kind - exactly the kind of people who bring a name upon themselves, with all that comes with that name. And his name comes with baggage: he might have been a lunar crater and the fuse for the first world war, as well as part of a royalty. But royalty doesn't fit him as well as the guillotine does, like a martyr who, even when dying for hundreds, is still a victim of his own nihilism. And I really believe he did all that; like most writers, he's a twenty year old man who has lived two-hundred years, even if some of them took place inside his head.

Stephen Hawking never had the chance to meet him, but I'm sure he'd agree with me that his quote - "quiet people have the loudest minds" - fits him perfectly. I can almost hear his mind, despite his quiet mouth, and the clue given by his skin's ink is true: his mind speaks music.


and clenching your fist for the ones like us 
who are oppressed by the figures of beauty, 
you fixed yourself, you said, 
"well never mind, we are ugly but we have the music."

Parece que faz um tempão.

sábado, 17 de novembro de 2012

satisfações

"Quando você ler esse bilhete
Já estarei na rodoviária
Quem sabe até na alta estrada
(...)
Chegando lá vou ficar bêbada de querosene
Vou raspar os cabelos até perder a cabeça"


"But don't blame me because I can't help where I come from
And running is something that we've always done well
And mostly I can't even tell what I'm running from
I run from their pity, from responsibility
Run from the country and run from the city
I can run from the law, I can run from myself
I can run for my life, I can run into debt
I can run from it all, I can run 'til I'm gone
I can run for the office, and run from the cause
I can run using every last ounce of energy"