terça-feira, 15 de outubro de 2013

carta de amor aberta

Vai ter dias em que eu vou te odiar, meu amor. Que as coisas que você fala dormindo vão me irritar, que eu não vou achar bonitinho um “Brenda” brava de verdade... Também vai ter dias em que você vai querer que eu, pelo amor de deus, cale a boca, ou que eu vou quebrar alguma coisa importante e você vai querer me matar.

Será nos dias seguintes a esses em que eu vou te amar mais. Que você vai querer fazer mais carinho nas minhas costas. Que eu vou reparar, pela quadragésima vez, como teus olhos sorriem quando você sorri – e te falar isso. Você já deve estar cansada agora, apenas imagino como será até lá. O que eu nunca falo, mas sempre penso, porém, é em como já ouvi essa comparação tantas vezes, mas até hoje só os seus olhos me chamaram a atenção por sorrir. Deve ser dessas coisas bobas de gente apaixonada, o secret smile da música do Semisonic. E acabo de lembrar que a gente fez essa mesma piada um dia desses...

Eu fico tentando me lembrar se já tinha o costume de andar olhando para o alto, vendo o topo dos prédios do centro – e de qualquer lugar, agora – antes de te conhecer. Minha memória é horrível, mas provavelmente não. A segurança de você segurando a minha mão me liberta para a vontade de deixar a cabeça ir às nuvens, eu acho. E é engraçada essa minha associação de pessoas a lugares, porque você seria São Paulo: onde nasci e fui criada, mas que costumava dizer que detestava até pouco tempo atrás. Isso estava passando exatamente quando a gente se conheceu e eu desisti de fugir daqui. E só por sua causa aprendi minimamente a andar no centro e descobri que, por mais cafona que soe, nas devidas circunstâncias alguma coisa de fato pode acontecer no seu coração naquele famoso cruzamento da Ipiranga.

Enfim. Hoje achei nesse caderno aquele desenho que você fez de mim e que durante o processo eu achei que fosse um cangaceiro. Eu achei isso mesmo, mas também notei que talvez aquele cangaceiro parecesse um pouco comigo, só que não queria soar pretensiosa achando que você me desenharia tão cedo. Eu não lembrava desse desenho e agora quero muitas outras coisinhas assim, que você esquece por um tempo e quando se lembra te deixam desproporcionalmente feliz.

Também quero uma mesinha de centro feita de lego.

You make me believe


PS: sim, eu escrevi ouvindo a música. umas oito vezes, eu acho.