quarta-feira, 7 de março de 2012

fear is only a verb if you let it be

No dia 23 de fevereiro* tinha um cara chorando no metrô da linha verde. E da linha amarela. E da esmeralda. Em certo ponto chegou um outro do lado dele e disse coisas bonitas. Eu não lembro muito bem o que era - ele chorava baixinho mas ainda assim eu não podia ouvir direito - mas lembro de frases de letras de músicas. Ele repetia uma em específico: the truth is you'll be okay anyway. Eu não sei se na hora ele lembrava do contexto, em que eu normalmente considero uma ironia, mas sabia que ele só conseguia sorrir, cause he had known it all the while.

Ambos eram eu. Eu estava chorando de saudade mas também estava chorando porque eu não choro fácil, mesmo que eu precise, e eu precisava. Uma das únicas ocasiões em que eu choro sem ser por causa de ficção é despedida. Naquele dia eu estava chorando porque não sabia quando veria minha melhor amiga de novo, mas eu também estava me chorando. Eu li num conto ou numa crônica (que eu não lembro) isso de "se chorar" e faz todo sentido pra mim. Eu não consigo fazer isso como as pessoas geralmente fazem, e acho que é por isso que gosto de filmes que me fazem chorar. Porque, quando eu começo, é fácil continuar. É fácil lembrar das coisas pelas quais eu tenho vontade de chorar e então chorar por elas, ao ponto de chegar a esquecer do porquê o filme me fez chorar.

Eu estou o tempo todo me distraindo e assim não penso no que está me fazendo mal. Eu fico acordado mesmo estando morrendo de sono, e só vou pra cama quando estou tão exausto que só deito e durmo, pra assim não ter tempo de pensar. Mas chega uma hora que eu preciso fazer isso e então eu só me sinto vazio. E é assim que eu me sinto agora.

Estava tudo indo bem, mas agora eu tenho coisas pra fazer - estudar, escrever no Minoria é a Mãe, conversar com meus amigos com quem não falo há algum tempo, arrumar o meu quarto, responder o email de alguém que eu amo, lavar roupa, assistir coisas que estão se acumulando, terminar de ler um livro - e não consigo. Eu só quero dormir por dias e não pensar em nada porque a verdade é que eu não sei se tenho alguma coisa em que pensar, porque nada aconteceu mas eu sinto como se tudo estivesse desmoronando - e eu não sentia isso há algum tempo, mesmo quando eu tinha motivos. Não é tristeza, é algo como eu disse nesse post. Um vazio que te preenche e não vai embora por mais que eu consiga rir e ficar eufórico e fingir que está tudo bem. Mas não está e eu não tenho ideia do porquê.

E o cara que me confortou no metrô está me dizendo don't you dare let go of my hand. E that was my favourite line, mas eu não sei se consigo agora.

you wake up one morning, afraid that you're gonna live

*eu tinha escrito "setembro", e mesmo relendo três vezes não notei o erro. significa?

2 comentários:

Anônimo disse...

"Responder o email de alguém que amo"
Mesmo ciente das tuas declarações, ser atingida assim, no meio do teu texto e de surpresa, por essa nota me reconforta. É como se cada passo teu além das minhas expectativas tivesse como único objetivo entrelaçar-me num abraço quente e aconchegante. Lançando-me direto para a dimensão onde já existimos.

"...porque a verdade é que eu não sei se tenho alguma coisa em que pensar..."
Eu sugiro ser uma delas. Estou me colocando a disposição!

<3

You already know, I'm still here.

Anônimo disse...

Lindo, Jack. Lindo. Você bota em palavras tudo o que eu sinto e não sei como passar para o papel.